52ª SESSÃO SOLENE DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.
Em 18 de novembro de 1986.
Presidida
pelos Srs. André Forster - Presidente e Antonio Hohlfeldt - 2º Secretário.
Secretariada
pelos Srs. Antonio Hohlfeldt - 2º Secretário e André Forster - Secretário
"ad hoc".
Às
16h30min, o Sr. André Forster assume a Presidência e solicita ao Sr. 2º
Secretário, que proceda à verificação de "quorum".
O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os
trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do título honorífico
da Cidadão de Porto Alegre ao Frei Rovílio Costa.
Convido
a fazer parte da Mesa o Dr. Alceu Collares, Prefeito Municipal de Porto Alegre;
Ver. Valdir Fraga, Secretário do Governo Municipal; Ver. Wilton Araújo,
Secretário Municipal de Obras e Viação; Dr. Vitorino Rotondaro, Cônsul Geral da
Itália em Porto Alegre; Frei Aldo Colombo, Superior Provincial dos Capuchinhos
do RS; Sr. Itálico José Marcon, representante do Conselho Estadual de Cultura e
da Academia Rio-grandense de Letras; Prof. Geraldo Minuscoli, representando a
Pontifícia Universidade Católica; Frei Rovílio Costa, homenageado.
Falarão,
como proponente da Sessão e em nome do PMDB, PDT, PDS, PFL, PSB e PCB, o Ver.
André Forster e, em nome do PT, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
Solicito
ao Ver. Antonio Hohlfeldt que assuma a Presidência dos trabalhos.
(O
Sr. Antonio Hohlfeldt assume a Presidência.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Está com a palavra o Ver. André Forster.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais
personalidades presentes, coube à Casa do Povo, e é um de seus mais elevados
direitos, conferir o título de Cidadão de Porto Alegre a indivíduos que, não
nascidos em Porto Alegre, dignificaram a vida e o povo desta Cidade. Por este
motivo, Senhoras e Senhores aqui presentes, estamos, neste momento,
homenageando a figura ímpar do Frei Rovílio Costa, a quem, em nome do
Legislativo Municipal, tenho a honra de saudar.
Frei
Rovílio nasceu na então Alfredo Chaves, hoje Veranópolis, em 20 de agosto de
1934, filho de Amílcar Costa e Maria Catarina Moretto Costa. Após os primeiros
anos de estudos primários, estudou nos seminários da Ordem dos Capuchinhos,
sendo ordenado sacerdote no ano de 1960. É formado em Filosofia e Pedagogia
pela hoje Universidade de Ijuí, Mestre em Educação pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, onde leciona, e Livre Docente em Antropologia Cultural.
Desde o ano de 1969, reside em Porto Alegre, tendo sido Superior dos
Capuchinhos da Capital, bem como responsável pela Direção da Escola de Teologia
dos mesmos freis. De maio de 1984 até inícios de 1985, foi bolsista da Fundação
Giovanni Agnelli, tendo pesquisado em diversos centros europeus. Em 1983, foi
contemplado com o prêmio "Ilha de Laytano", pelo melhor trabalho sobre
o Rio Grande do Sul. É membro da Academia Rio-grandense de Letras. Jornalista,
escreve para vários periódicos do País, mantendo uma coluna semanal no
"Correio Rio-grandense", de Caxias do Sul.
Por
diversos títulos, Frei Rovílio recebe hoje nossa homenagem, e tomo a liberdade
de ater-me a dois deles: a obra intelectual e o trabalho editorial.
Além
de diversos livros publicados na área de Psicologia e de Religião, bem como de
tese sobre a delinqüência juvenil em Porto Alegre, nosso homenageado é
conhecido, principalmente, por seus trabalhos na área de História da imigração
italiana no Rio Grande do Sul. Em 1975, durante as comemorações do centenário
da chegada dos primeiros colonos à Província de São Pedro, lançou sua primeira
obra: "Imigração Italiana - Vida, Costumes e Tradições”; em 1976:
"Antropologia Visual da Imigração Italiana"; em 1979, em co-autoria:
"Os italianos do Rio Grande do Sul"; em 1982, juntamente com Arlindo
Battistél, começa a lançar os três alentados volumes de "Assim Vivem os
Italianos". Entrementes, dirige no jornal "Correio
Rio-grandense" uma coluna em italiano, intitulada "Cozí vive
italiáni", na qual mais de 200 filhos de imigrantes contaram, em dialeto,
estórias de sua existência; no mesmo jornal é responsável, também, por uma outra
secção, "A Itália de Nossos Avós". Em suas atividades pelo Interior
do Estado tem auxiliado na organização de museus e bibliotecas e feito inúmeras
conferências.
Com
estas obras, Frei Rovílio assumiu entre nós uma posição pioneira nas áreas de
Historiografia e Antropologia. Certo de que as fontes oficiais nem sempre - ou
mesmo nunca - possibilitam uma visão correta da história vivida pelas classes
subalternas, deixou de lado os relatos oficiais e oficiosos, bem como as
recordações idílicas ou apologéticas, para dar a palavra aos deserdados, que
nunca haviam aberto a boca. Foi mesmo além. Diz ele em entrevista datada de
1982: "Descartei os métodos acadêmicos de seleção de sujeitos, de
estatísticas de respostas, porque a vida, compreendida como total modo de ser,
de fazer, de pensar, de crer, de amar, seria mais significativa quanto mais
remontasse às origens. Dei a palavra aos imigrantes e seus descendentes, porque
ninguém mais do que eles sabe a história que viveram". Noutras palavras,
os agricultores italianos do Estado, imigrantes ou filhos de imigrantes,
silenciados como tantos outros grupos, encontraram em Frei Rovílio, após um
século, quem lhes possibilitou falar com a própria palavra.
O
resultado foi uma obra admirável, que não é apenas importante pelos dados
antropológicos, históricos, psicológicos e sociológicos que fornece; a
jovialidade fransciscana, acompanhada por uma paciência beneditina, longe da
mera curiosidade ou de puro interesse intelectual teórico, chegou àquele ponto
de sintonia e de identificação cultural que, preservando a individualidade do
autor, fala transbordar para o grupo do qual provém, grupo este que passa a
contar coletivamente sua própria vida.
Seja-me
permitido, agora, fazer uma referência ao trabalho de editor de nosso homenageado.
Os
amigos conhecem muito bem seu quarto de trabalho, franciscamente despido, no
convento dos capuchinhos do Partenon e, hoje, na casa dos Freis, à Rua
Veríssimo Rosa. Pela aparência externa, nada indica a atividade que lá se
desenvolve. Há pouco tempo, um cidadão, vindo de fora, resolveu visitar a
Editora da Escola Superior de Teologia; depois de falar com Frei Rovílio, pediu
para conhecer as instalações da firma, e demorou muito até se convencer que a
Editora da Escola era tudo aquilo que ele estava vendo: aquele quarto simples
de trabalho. Entretanto, lá dentro foi projetada a publicação de cerca de 1.200
títulos, em grande parte obras de valor cultural com pequeno mercado de compra.
Na
atividade editorial, cabe ressaltar novamente o pioneirismo que orientou o
trabalho de nosso homenageado. Por brevidade, somente menciono o fato de que,
na década passada, quando a opressão da ditadura pairava sobre o País, Frei
Rovílio lançou diversos autores, que não teriam encontrado, então, quem os
publicasse; também não falarei dos jovens escritores, cuja primeira obra foi
publicada pela Escola Superior de Teologia. Detenho-me tão somente em três
aspectos.
O
primeiro deles: por diversos anos, Frei Rovílio manteve-se relativamente só na
área de publicação sobre temas regionais. O Rio Grande do Sul é hoje conhecido
no País como o Estado onde talvez se publica o maior número de estudos a
respeito de temas que lhe são específicos, e vemos hoje diversos editores
lançando excelentes trabalhos sobre o mundo gaúcho. Mas esta não era a situação
há uma década, e muito do que hoje se está fazendo tem origem na atividade
desbravadora de nosso homenageado. Aliás, na área de estudos de etnias
européias imigradas, seu trabalho representa um marco cultural. Poloneses,
judeus, alemães, e sobretudo italianos, que se radicaram em solo gaúcho, são
hoje bem melhor conhecidos, porque encontraram um idealista que se dispôs o que
sobre eles se escrevia e, antes disso, a encorajar estes imigrantes e seus
descendentes a escreverem sobre si mesmos. Consultando a lista de publicações
da Escola Superior de Teologia, foi-me possível constatar que há dois títulos
sobre a imigração judaica, quatro sobre a polonesa, duas dezenas sobre a alemã
e, parece incrível, oitenta sobe a italiana. Esta imigração, até há pouco quase
desconhecida no que se refere a material impresso, tornou-se, em poucos anos, a
que dispõe da mais ampla bibliografia em todo o País.
Um
segundo aspecto a ressaltar é o compromisso do novo cidadão porto-alegrense com
a cultura. Seja-me permitido mencionar um fato, que por si resume o que quero
dizer a respeito: a monumental edição bilíngüe da Suma Teológica de Santo Tomé
de Aquino, em onze volumes de grande formato, com um total de 5.500 páginas.
Esta obra-prima do pensamento medieval, é uma das grandes obras do pensamento
humano, por sua amplidão, acabou assustando alguns editores do centro do País,
mas não a Frei Rolívio que, unindo-se com editores gaúchos, após um sério
planejamento, colocou no mercado, em pouco mais de um ano, todos os onze
volumes. E não é sem orgulho que ouvi de um co-editor a afirmação de que, ao
contrário do que se poderia esperar, a edição de 2.000 exemplares está se
esgotando.
Enfim,
e acima de tudo, desejo mencionar, aqui, um terceiro aspecto da atividade editorial
de Frei Rovílio: sua visão democrática do homem e da cultura. Seria errôneo
tentar caracterizar seu trabalho citando apenas a Suma Teológica. Muito mais
que nomes de grandes filósofos e pesquisadores, muito mais que nomes conhecidos
do mundo acadêmico, a lista de publicações da Escola Superior de Teologia
apresenta autores dos quais nunca ou quase nunca se ouviu falar. Cito alguns
deles. Antônio Alves dos Santos, autor de "Versos de um peão na
fazenda", era um indigente, atendido pela Santa Casa, e fora peão em Lagoa
Vermelha durante toda a vida. Segundino Schmitz, octogenário, hoje falecido,
analfabeto, curandeiro de campanha, na obra "A cura pelo Chá",
composta a partir de gravação, legou-nos toda uma vida de prática de medicina
alternativa. Talvez nos arquivos da SUSEPE ou do Judiciário ainda se conserve o
nome do criminoso semi-analfabeto Júlio de Castilhos Pettinelli, cujas memórias
dos anos passados no antigo e malsinado presídio, que existiu não muito longe
deste local, foram deixadas no livrinho "Um pedaço de céu queimado no
inferno". Enquanto as tropas do Coronel Curió cercavam os colonos, Larte
Méliga e Maria Janson entrevistaram os acampados e discretamente era lançado o
texto: "Encruzilhada Natalino". E aí estão os velhos livros dialetais
italianos e alemães, os antigos professores primários, os agricultores, as
donas-de-Casa. Mas por que isso? Não é mero acaso, nem a perspectiva de retorno
econômico - que não há - o móvel de tal empreendimento. É a convicção de que a
História, esta que é mestra da vida, é feita pelo povo, pelos carregadores da
História. E nada melhor do que deixar que o povo conte a própria História, a
própria vida.
Frei
Rovílio, lendo sua obra, constata-se que nela não são desenvolvidos quadros
teóricos, explicando o que é historiografia, o que é história de um povo, o que
é democracia. Mas lendo-a atentamente vê-se que o ilustre amigo dispensou
academicismo teórico: fez História não enquanto falou sobre o povo, mas
enquanto deixou o povo falar; definiu democracia não enquanto perguntou o que
ela é, mas enquanto tomou a sério e concretizou a convicção de que todos, na
democracia, têm direito à palavra.
Frei
Rovílio, mais do que considerar uma honra pessoal a recepção do título de
Cidadão Porto-alegrense, saiba que Porto Alegre é que se sente honrada ao poder
contá-lo no número de seus cidadãos. E a mim, particularmente, honra a
oportunidade de ter recebido o apelo de inúmeros amigos e admiradores que
acompanharam a trajetória de Frei Rovílio, seus préstimos, seu trabalho, seus
serviços prestados, tão sucintamente relatados. Cabe-me o privilégio de poder
dizer que, no trabalho do Frei Rovílio, há a sua convicção, há a perspectiva de
que a História, mesmo sob a ditadura, se fazia aos poucos, cada um com as suas
possibilidades, cada um tentando romper os limites impostos. Um professor na
sala de aula, um aluno na sua atividade acadêmica, um artista na sua atividade
cultural, um político no seu discurso, cada um em seu canto, cada um em seu
pedaço fez a grande tarefa de resistência que foi se consolidando por todos os
lados e irrompeu neste País, em um determinado momento, trazendo à tona, em
convulsão de inconformidade, tudo aquilo que o povo, durante muito tempo, não
pôde falar e nem ouvir. Frei Rovílio cumpriu a sua parte, fazendo a pesquisa,
mas a pesquisa que dava a palavra ao povo, que dava a palavra às classes
subalternas, que dava a palavra aos oprimidos, que dava instrumento para
aqueles que tinham alguma coisa para dizer e que não podiam contar com
editoras, que comercializavam com o objetivo do lucro, sem a perspectiva do
retorno comercial, mas a perspectiva simples, porém absolutamente firme, de que
as suas convicções, de que suas pesquisas, de que suas afirmações, de que suas
indagações pudessem ter um canal de expressão e chegar aos mais variados
recantos. Foram assim as obras oportunizadas pela atividade de Frei Rovílio
numa época em que nada era oportunizado, em que cada um fazia pela sua ousadia
pessoal, pelo seu enfrentamento pessoal. Nessa identificação é que me orgulho
de ser o autor da proposta de título de Cidadão de Porto Alegre a uma figura
que tem esta dimensão humana. E a Câmara Municipal de Porto Alegre, pela
unanimidade de seus Vereadores, acolheu esta proposta e incorporou também esta
dimensão, fazendo com que os 33 Vereadores hoje se sintam orgulhosos de poder
dizer a Porto Alegre e a todos para os quais Frei Rovílio representou uma
oportunidade e um espaço que nós reconhecemos em Frei Rovílio, na figura que
foi, a dimensão do seu trabalho e a certeza de que, pelos anos que temos pela
frente, ele continuará desempenhando este papel, esta atividade, estes
compromissos. Frei Rovílio, receba o nosso fraternal abraço em nome de todos
aqueles amigos que vieram a este Legislativo solicitar que nós pudéssemos prestar
esta justa homenagem que, nesta Sessão Solene, o Legislativo de Porto Alegre
hoje faz. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (André Forster): Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt
que fala em nome do Partido dos Trabalhadores.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
convidados, costumo dizer que é a figura tradicional do italiano um sujeito que
gosta de comer, de beber, de jogar (não é, Rovílio?), de contar histórias. E
creio que Rovílio Costa não desmente nenhum desses aspectos na sua vida
cotidiana, para quem o conhece há longo tempo. Mas a este aspecto do italiano
que vai buscar o vinho do padre lá, em determinado lugar, para o dia-a-dia da
sua convivência, se juntou em Rovílio um outro aspecto. O aspecto daquilo que
podemos dizer do verdadeiro intelectual, cuja atividade eu me dispenso de
entrar em pormenores, pois creio que o discurso do Ver. André Forster, que me
antecedeu, é amplamente explicativo. Contudo, eu gostaria de tecer, aqui, uma
imagem, uma proximidade de como eu sinto o Frei Rovílio Costa, ele que tem dado
um espaço muito especial nas suas publicações a São Francisco de Assis. E eu
gostaria de lembrar exatamente a imagem de São Francisco não para santificar
Rovílio, porque acho que ele até dispensa essas coisas na nossa cotidianidade,
mas para dizer que, assim como aquela figura de São Francisco soube conviver
com a natureza e os seus elementos e tornou-se uma lenda, ainda em vida, também
Rovílio Costa conseguiu realizar todas aquelas coisas que são admiráveis no seu
trabalho, exatamente porque soube conviver com harmonia junto às pessoas que o
procuraram ou que ele escolheu para dividir a sua tarefa. Nesta tarde quente,
nesta tarde difícil de se manter composto para uma homenagem mais formal,
permito-me ser um pouco informal. Em última análise, fomos, eu e Décio Freitas,
quem, dos vários autores desse Rio Grande do Sul, encontramos em Rovílio Costa
a oportunidade para publicar nossos primeiros livros. No meu caso pessoal,
textualmente, meu primeiro livro, através do Debonni, que aqui se encontra, da
Universidade de Caxias do Sul, e de Frei Rovílio, que abriu espaço para nossas
primeiras publicações. Lembro São Francisco ao revelar este fato, porque a mim
o que mais cativa é que Rovílio Costa, em sua tarefa monumental, trabalha com
pequenos gestos, pois a pequena mão que afaga não precisa aparecer
necessariamente. É nessa linha de trabalho e conduta que vai conseguindo
realizar as coisas, numa voz mansa, numa tranqüilidade de quem sabe o objetivo
a ser alcançado, com a certeza de que tem um caminho a ser trilhado. Lembro de
que há três anos, aproximadamente, fizemos uma homenagem no Restaurante
Copacabana - não sei se o Rovílio Costa está lembrado. Reuníamos cerca de 200
escritores, ditos intelectuais do Rio Grande do Sul, em geral, e confesso que
foi a primeira vez que ouvi Rovílio levantar a voz para falar em público - a
segunda será hoje e, assim mesmo brevemente, mas não para de si ou do seu
trabalho e, sim, para falar naqueles que Rovílio transformou não apenas em suas
personagens, porém no sujeito das histórias, textos e obras que se somam a
centenas, que Rovílio vem publicando ao longo de décadas. Falou-se aqui na
pequena oportunidade, na fundamental oportunidade que Frei Rovílio tem dado
para que estas vozes se alteiem. Gostaria de mencionar um jovem escritor,
afirmado no Rio Grande do Sul, Charles
Kieffer que, infelizmente, não pôde estar aqui em vista dos compromissos que
tem na Editora Mercado Aberto. O agradecimento que Charles me incubiu de fazer
não se consegue verbalizar. Mas Charles Kieffer, que hoje tem quatro ou cinco
livros já correndo esse Brasil todo, teve outros quatro livros que foram
publicados, num primeiro momento, exatamente por Rovílio Costa. E sem estas
obras primeiras, de um menino do interior de Três de Maio, provavelmente
Charles não teria chegado a Porto Alegre, não teria ido a São Paulo e não teria
retornado à capital gaúcha e não teria encontrado uma editora maior, que passou
a apostar nele e abrir-lhe um caminho dentro da tarefa literária. Mas são
gestos pequenos assim, por exemplo, de alguns dias antes das eleições, em que
Rovílio me telefonava para dizer-me que me entregava parte da sobra da edição
daquele primeiro livro e que eu fizesse uso desta sobra como melhor entendesse
dentro de minha campanha, ou que se dispunha imediatamente a também colaborar
com Décio Freitas no lançamento de mais uma obra e que isso ajudaria a
discussão fundamental que o Décio levantava em torno da Constituinte neste ano
de eleição. Trago esses exemplos mais particulares e não pedi licença ao Décio
para mencioná-los e nem ao Debonni para trazê-los ao bojo desse informal
discurso, porque me parece estarmos aqui, neste Plenário, hoje, entre amigos.
Entre amigos não há por que fazermos segredos e mistérios. Este elemento, a
amizade, foi sempre a marca registrada de Rovílio Costa. A marca que lhe
permitiu, por vezes, ultrapassar obstáculos que julgávamos difíceis. Mencionava
o Ver. André Forster a importância da obra, do conjunto de livros publicados
através de Rovílio Costa, como a palavra dos marginalizados, a palavra daqueles
que normalmente não conseguem chegar aos grandes meios de comunicação para
dizerem a sua versão da vida que vivem e que sofrem. Neste sentido é que
gostaria de destacar o papel profundamente político do trabalho que Frei
Rovílio Costa tem desenvolvido nesta Cidade, um trabalho político que demonstra
com clareza o quão ligadas estão as atividades intelectuais de um lado e as
políticas de outro lado. Senhores, por fim, permitam-me dizer que vejo em
Rovílio Costa, sobretudo, um verdadeiro espírito renascentista, desse
renascimento tão típico que encontrou na Itália o seu maior espaço e que se
prolonga nos descendentes italianos. Rovílio não se limita, apenas, a fazer o espaço
e a abri-lo. Ele vai mais longe. Ele busca trazer, cotidianamente, mercê de uma
disciplina admirável, as informações que são fundamentais. Note-se, por
exemplo: ainda agora, no Correio Rio-grandense, permanecem espaços
eminentemente populares, quer na coluna da tradição germânica, quer na coluna
da tradição italiana, mas, ainda e sobretudo, na tradição da coluna de medicina
caseira, que tem propiciado a milhares de leitores daquele jornal do Rio Grande
do Sul e de Santa Catarina conhecimentos alternativos de medicina que, muitas
vezes, a nossa alopatia pretende desvirtuar no afã do lucro fácil nos gabinetes
médicos fechados e das consultas caríssimas que, dentro da estrutura atual,
marginalizam o nosso colono, o nosso morador da campanha e o nosso pobre
miserável e marginalizado que vive nos bairros mais afastados das grandes
cidades.
Todos os aspectos de Frei Rovílio merecem ser
destacados. Mas, como eu disse, nada disto teria sido possível se não houvesse,
Rovílio, o aspecto da amizade e se não houvesse, Rovílio, este aspecto de São
Francisco, do entendimento, da identidade, da compreensão profunda com as
criaturas com que ele atua cotidianamente. Rovílio, é um orgulho para Porto
Alegre tê-lo, a partir de hoje, como um cidadão formal já que de fato é, há
muito tempo, um cidadão desta Cidade e deste Estado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Cônsul-Geral da Itália
em Porto Alegre, Dr. Vitorino Rotondaro.
O SR. VITORINO ROTONDARO: Sr. Presidente, eu peço autorização para
falar em italiano, porque será muito difícil para mim enfrentar uma assembléia
em português.
Antes
de tudo, quero agradecer pela cortesia do convite para presenciar, hoje, esta
cerimônia. Ingressei com muita alegria nesta Câmara, onde hoje rende homenagem
a um cidadão brasileiro, cuja origem, cujas raízes são da Itália, que eu, com
honra, venho representar aqui, no Rio Grande do Sul. E vejo que o Padre Rovílio
é quase um filho dessa nossa Itália. Padre Rovílio, não me alongo em falar de
sua vida porque já o Sr. Presidente o fez de maneira quase perfeita. Não
poderia acrescentar muita coisa à vida jovem de Padre Rovílio, pois muita coisa
não se conhece. Mas o Padre Rovílio, creio, é o produto daquela grande,
extraordinária e histórica aventura que foi a imigração italiana no Brasil. Os
italianos vieram ao Brasil não como é dito para substituírem nas fazendas de
café, que queriam a independência. Mas vieram aqui para conquistar os
brasileiros, não, naturalmente, conquistar com brigas, mas com sentimentos de
amizade e darem aos brasileiros a sua ajuda para a produção deste Brasil amigo
ficar sempre maior. Padre Rovílio, com a sua humildade, com a sua bondade que é
característica própria de lorde, é um homem de cultura. Sempre manifestou seus
sentimentos de sua Itália não só falando o seu dialeto, o dialeto de Vêneto,
mas estudando o fenômeno da imigração italiana, que hoje constitui não só para
o Brasil, mas para nós, na Itália, documento de extrema importância.
Falando
com um amigo, outro dia ele me disse: "Padre Rovílio não é só um padre
franciscano. É um homem de cultura, é um grande editor". E eu perguntei:
"Mas como ele pode ser um grande editor, se não tem uma casa
editora?" Ao que ele me respondeu: “Padre Rovílio publicou 1.400
volumes". Eu perguntei ainda: "Como ele pode publicar tantos
volumes"? E meu amigo respondeu: "Com a Providência Divina".
Diante disto, eu percebi que estava, obviamente, diante de um fato novo.
Hoje,
esta Câmara vem homenagear um homem de cultura, um editor e um amigo. Um amigo
da Itália e um filho da Brasil.
Eu
não vou tomar mais tempo desta excelentíssima Casa. Encerro, formulando ao
Padre Rovílio os melhores augúrios, para sempre. Sou grato. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as correspondências
recebidas, cumprimentando o Frei Rovílio Costa. São elas: do Sr. Renato
Henriques; do Governador do Rio Grande do Sul, Dr. Jair Soares; do Secretário
do Estado de Saúde e Meio Ambiente, Dr. Sérgio Alexandre Bechelli; do Ver.
Artur Zanella, Secretário Extraordinário para Assuntos da Grande Porto Alegre.
Convido
a todos para, de pé, participarmos da entrega do diploma de Cidadão de Porto
Alegre ao Frei Rovílio Costa. O Sr. Prefeito Municipal fará a entrega do
diploma.
(O
Sr. Prefeito Alceu Collares lê o diploma e faz a entrega do mesmo ao
homenageado.) (Palmas.)
Com
a palavra, o nosso homenageado, Frei Rovílio Costa.
O SR. ROVÍLIO COSTA: Prezado André Forster, proponente da
homenagem, a qual aceito como responsabilidade; Dr. Alceu Collares, Prefeito do
nosso Município; Ver. Valdir Fraga, Secretário do Governo Municipal; Ver.
Wilton Araújo, Secretário da SMOV; Frei Aldo Colombo, Frei Isaías, da minha
comunidade; Dr. Itálico Marcon, representante do Conselho Estadual de Cultura;
Prof. Geraldo Minuscol: representante da PUC. Sei que vocês vão me desculpar.
Eu posso falhar na memória, mas gostaria de nomear a todos de modo particular
aos Vereadores de cada partido, sem esquecer o Antonio e o Forster, que foram,
juntamente com o Debonni, o Voltaire Schilling e um grupo de amigos, os autores
deste ato criminal. Todos se sintam homenageados neste momento e também
nominados pessoalmente. Se até este momento fui imigrante, a partir deste
momento sou um cidadão que continua sendo imigrante. Então, como uma homenagem
particular, se vocês permitirem, gostaria de destacar a presença do Abilio
Risoto, que é um representante da imigração italiana que, com seus 93 anos,
quis vir aqui me trazer um pequeno carinho. (Palmas.)
Mas
na oportunidade em que o Prof. Debonni e o Voltaire Schilling vieram me
perguntar se eu aceitaria o título de Cidadão de Porto Alegre, até dei uma
risada, achando estranho, e depois disse que fizessem o que queriam, porque
pensei comigo mesmo que a pessoa que fosse tão rica que não tivesse mais nada a
receber seria a pessoa que não teria mais condições, necessidades e direito de
viver. Então, não recebo este título como uma homenagem ao trabalho prestado,
nem o recebo como uma promoção ou um ponto de chegada, mas recebo apenas como
um ponto de partida e como um chamado de alerta. Não sou apenas eu nesta
Cidade, mas talvez a maioria da sua população somos vindos de lugares diversos
do Interior do Estado. Portanto, é em nome deles que acolho este título. Para
mim significa um trabalho que ainda não prestei. E a generosidade de vocês
soube me chamar em tempo para que eu pudesse prestar este serviço. Se não
fossem os atos de canonização feitos pelo André e pelo Antonio, ficariam
incompletos, e a canonização não ocorreria, porque seria uma omissão em minha
vida. Mas também queria preparar aquele célebre improviso, que a gente tira do
casaco e na hora lê. Depois, disse: "como preparar alguma coisa, se eu não
sei o motivo"? Porque nunca consegui, na minha individualidade,
personalizar a razão deste título para mim por um trabalho que eu não achava de
tão grande valor. E eu pensei que, se eu, subjetivamente, não descubro as
razões, para os Vereadores deve ter havido razões subjetivas para tal. Agora,
de posse das razões subjetivas e objetivas - permita que eu chame assim a sua
amizade - é que eu posso, efetivamente, dizer alguma coisa a respeito deste
título que me é concedido. Pelo que percebi; o olho político versou exatamente
sobre aquilo que eu diria povo, que eu diria população, aquilo que significaria
a maioria, que seria dar-lhe oportunidade de se pronunciar, de falar e de
contar a sua história. E sobre isto eu até estava, ontem, dizendo, numa
comunidade onde nos reunimos com o provincial, que nós nos iludimos muitas
vezes. Enquanto uma história que já teve a sua oportunidade, mas que parece já
numa situação decadente, contava e cantava os verdadeiros ou menos verdadeiros
feitos daqueles que detiveram justa ou injustamente o poder e marcaram os
destinos das populações, nós passamos para uma história que continua falando
desses mesmos feitos, apenas mostrando o equívoco da ideologia que os
impregnava, que os envolvia, que os dinamizava. De qualquer forma, nós nos
inserimos no mesmo método tradicional de fazer história, que é falar daquilo
que não diz respeito à vida do povo, não diz respeito à História, ao querer, as
aspirações, aos sentimentos do povo. E pensamos que assim estamos dando
oportunidade ao povo, que estamos lhe dando voz, lhe dando vez. Efetivamente,
estamos continuando no mesmo discurso e nos afastando mais ainda destas
populações que deveriam ter, através de nosso intermédio, a oportunidade de
falar e de pronunciar. O próprio Platão, na "República" e outros
diálogos, quando ele fala da ação política, ele diz que é uma ação do filósofo
e não do cientista. Não quero, com isso, ofender aos Secretários aqui
presentes, que, necessariamente, pelo seu trabalho, também devem ser
cientistas, mas a filosofia de uma população levada através da ciência, mesmo
que isso não seja aquilo que Platão conhecia na sua época. Mas filósofos de
serem universais ao ponto de terem presente todas as aspirações do seu povo.
Foi assim que entendi e entendo o dado e o elemento político no mundo de hoje.
Como já foi falado - e isto não ofende pessoalmente a ninguém - mas o Ver.
Antonio Hohlfeldt falou que eu havia oferecido a ele alguns livros, e um amigo
meu, aqui presente, disse-me: - "Então agora você é do PT", uma vez
que minha carta foi publicada no "Mosquito". Por quê? Porque tinha
uma carta no "Mosquito"? Não, pois sou de todo e qualquer político
que pensa e se preocupa com os problemas reais do povo. Efetivamente, entre
aqueles que são mais chegados a mim, poucos são os que vão obter sucesso nesta
eleição. Fico feliz com isso, embora eles não pensem e não vejam assim, porque
terão uma oportunidade a mais de continuar a lutar. Lutar, talvez, de uma
maneira mais objetiva, que nem sempre é aquela que advém da consagração
momentânea, esporádica, passageira e ilusória de uma massa popular. Mas aquele
que faz da ação política uma ação filosófica, é aquele ao qual esta mesma ação
o satisfaz, enquanto ele é jovem, no ardor de sua atividade política, bem como
enquanto estiver concluindo sua carreira neste mundo. Isto porque ele, com suas
palavras, seus escritos e sua ação continuará sendo um estímulo e uma
iluminação para a mesma população.
É
neste sentido e nesta medida que recebo esta homenagem e comprometo-me com ela
em meu nome e em nome de todos aqueles que, anonimamente, seja com grandes
aspirações realizadas ou frustadas, seja com esperanças de realizar suas
aspirações dentro desta Cidade, se tornaram imigrantes. Se não aceitasse este
título, estaria traindo minhas próprias raízes e origens, como filho de
imigrantes. Se meus avós foram imigrantes, deram-me, também, o direito de ser
imigrante. Se eles adotaram uma pátria, uma nova pátria, tenho também o direito
de adotar e receber um torrão. Não quero, com isso, dizer que aquele que
imigra, que vem, segundo a historiografia moderna, para a cidade com a cultura
urbana deva renunciar àquilo que eu diria que é a cultura rural.
A
cultura urbana, segundo a historiografia moderna, acontece quando 50% da
população, segundo um sentido mais lato, são nascidos numa cidade em que os
relacionamentos interpessoais não podem perpassar entre as pessoas, mas estão
ligados a segmentos que conquistam estes mesmos relacionamentos, e as pessoas
se especificam por profissões na área secundária e terciária - para um sentido
mais restrito, os 50%, incluídos seus pais, desde que estes sejam nascidos
nesta mesma cidade. Portanto, a nossa metrópole teria estas características.
Não poderíamos dizer, ainda, uma cultura eminentemente urbana, se nós
consideramos que não a maior parte da sua população é ainda aqui nascida e de
pais aqui nascidos.
Portanto,
é no momento de uma passagem cultural, como esta que nós vivemos na Capital do
Estado, que nós precisamos afirmar as duas experiências culturais. Somente
assim nós fugiremos ao nivelamento moderno que nos é imposto. E eu percebi,
como praticamente todos estavam comentando, que nos é imposto de todas as
formas, de todos os meios e de todos os métodos, se nós não trazemos conosco
uma identidade. É por isso que o imigrante tem dupla responsabilidade: trazer
como contribuição a identidade urbana a sua própria identidade rural para que
aconteça, então, de fato, como diz o termo grego, a vida da cidade, a vida
urbana, onde o relacionamento interpessoal se torna uma conquista do ser
humano, onde a emancipação, a não-dependência, a não-manipulação pessoal é outra
grande conquista do ser humano.
É
neste sentido que vejo para mim e para todos aqueles que se associaram a mim -
conforme disse o André e o Antônio, a totalidade dos Vereadores desta Casa do
Povo - o grande desafio de nós começarmos a fazer a nossa história urbana. A
história urbana que tem a sua identidade a partir da tradição familiar que cada
um trouxe para cá, a partir da sua profissão, a partir da vila, do bairro, da
rua, do local onde ele mora. Isto nós não o fazemos. Eu aprendi a gostar da
história de Porto Alegre, não foi lendo a história. Foi, em parte, publicando
“Porto Alegre, crônicas da minha cidade”, mas foi sim, e principalmente, no
momento em que li um título torrens de uma terra que pertenceu à Sociedade
Partenon Literário. Neste título torrens via-se escrito todo um projeto
cultural, um projeto literário, toda uma descrição daquilo que seria a
realidade de Porto Alegre depois de 1850. Assim, há muitos elementos e
segmentos de nossa própria cultura urbana que nós precisamos trazer para a história,
que nós precisamos fazer falar para que a nossa história se torne uma história
consciente, senão nós corremos o risco de nos deslocarmos de Porto Alegre para
todo e qualquer ponto do Estado em busca de nos satisfazermos com expressões da
cultura dos demais municípios que ainda, pelas conotações de historiografia
moderna, estariam vivendo a cultura urbana. E com razão nós nos deslocaríamos,
se nós fôssemos nos enriquecer dessas experiências culturais e se fôssemos
enriquecê-las com a nossa própria experiência cultural. Mas a ausência desta
consciência urbana é que nos tornaria mais dependentes, sem a satisfação da
vida urbana, porque sem a satisfação e o apoio do nosso próprio histórico. É
com este sentido e com este sentimento, então, que eu agradeço a delicadeza do
Ex.mo Sr. Prefeito em me entregar este título, e aos Vereadores, que
propuseram esta lei municipal, aos que apoiaram e a toda esta Casa do Povo.
Podem ter certeza de que eu jamais vou dizer o meu voto, mas posso dizer que eu
voto em todo e qualquer político que está voltado para o povo. E estou muito
contente, porque há vários anos estou olhando para esta Casa do Povo e vejo
incessantemente esta preocupação por aquilo que é cultura. Fazer cultura é
diferente daquilo que nós entendemos comumente: é diferente de comunicar
conhecimentos, é diferente de transmitir ideologias pessoais, porque é assumir
o todo de uma população, o seu modo de ser, se estar e de pensar, porque é
somente com isto que nós criamos o ser urbano, criamos o ser politizado,
criamos o ser perfeito, que participa - como disse Platão - do mundo das
sombras. Então, eu agradeço às autoridades que integram esta Mesa, a todos os
amigos que estão aqui presentes, editores, particularmente à Gráfica Sul, que é
aquela que sempre acolheu os meus trabalhos, os meus atrasos no pagamento - às
vezes eu atraso, outras vezes eu adianto - as minhas pechinchas. Entretanto,
colaborou comigo, entendo que o fenômeno cultural deve ser proposto e deve ser
protegido por todos os segmentos da população. Não é a economia que deve se
alienar dele, não é a política, mas é uma reunião das forças, para que, de
fato, aconteça o ser cultural como algo satisfatório e não algo - como diria
Bruner - como uma “cultura de enfeite”, que a gente estuda na sala de aula, e
depois, na primeira oportunidade, como um paletó que lhe é incômodo, o tira e
joga fora. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrar este ato, eu gostaria
de agradecer a contribuição efetiva, para o suporte das condições que levaram à
votação e a própria realização desta Sessão, do Prof. Voltaire Schilling e do
Prof. Debonni. Agradecemos, também, a presença de todas as autoridades aqui
presentes, ao Prefeito Alceu Collares, que veio à Sessão para a entrega do
título de Cidadão de Porto Alegre ao Frei Rovílio, e a todos os amigos do Frei
Rovílio que aqui compareceram. Ainda, convoco os Srs. Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental.
Estão
levantados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 17h25min.)
Sala
das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 18 de novembro de 1986.
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